Cilinha Almeida

     Uma das mulheres mais elegantes que eu já conheci! Daquele tipo raro. Esta pessoa tem (ou tinha?) não sei se ela está neste plano ou se já "viajou". Faz muito tempo que não tenho notícias. Perdi o contato.A última vez que nos vimos foi a vinte e três anos atrás, eu recém casada fui apresentar o meu marido. Incrível! Ela mesmo com trajes de ficar em casa, continuava elegante. Tinha postura! Eu era muito criança nem sei que idade eu tinha, mas vagamente eu lembro, que frequentava a casa dela com a minha tia Tetê. A morada dela era um sonho! Parecia casa de romance! Decorada de um jeito aconchegante, diferente e muito sofisticado para a época. Ela era viúva e morava com o seu único e muito amado filho. Lar sempre muito requisitado por toda a sociedade juazeirense. D. Cilinha sabia ser uma excelente anfitriã! A "nata" : famílias tradicionais, empresários, médicos, dentistas, intelectuais... todos gostavam da companhia daquela agradável e irresistível criatura e iam regularmente visitá-la.
     Uma tragédia: seu filho foi assassinado!
      D. Cilinha morreu para o mundo. Não saia mais de casa. Passou muitos , muitos, muitos anos falando nesta perca como se tivesse sido ontem. Começou  lentamente a fazer da sua casa o seu mundo.
     Eu fui crescendo e fui ficando moça e agora sendo levada por minha mãe.  
     Depois passei a ir sozinha! Que agradável que era a companhia dela. Embora a diferença de idade fosse muito grande entre nós... parecia não haver diferença nenhuma! Como aprendi com ela! Como me diverti! Quantas conversas cultas tivemos! Quantas confidências! Conselhos!
     Hoje no silêncio desta madrugada, fecho os olhos e mentalizo aquela senhora e a abraço em silêncio, com aquele mesmo sorriso que eu oferecia para ela quando nos despedíamos. Saudades querida! Muitas saudades!
     Tinha um quadro na sala dela que eu acho que era uma réplica desta tela de Joseph Seymour Guy. Não tenho muita certeza! Faz tanto tempo!